Fonte: Site “Mirror of Truth”
Tradução: Carlos Martins Nabeto
A doutrina católica do Papado está baseada na Bíblia e é derivada da
evidente primazia de São Pedro entre os Apóstolos de Cristo. Como todas as
doutrinas cristãs, esta também experimentou um desenvolvimento através dos
séculos, mas não perdeu seus componentes essenciais que já existiam na
liderança e prerrogativas de São Pedro. Tudo isto foi dado a ele pelo próprioo
Senhor Jesus Cristo, como reconheceram seus contemporâneos e foi aceito pela
Igreja primitiva. Os dados bíblicos petrinos são evidentes e convincentes pela
virtude de seu peso cumulativo. Tal peso é especialmente claro conforme vemos
nos comentários bíblicos; seguem-se, assim, as evidências da Sagrada Escritura:
1. Mt 16,18: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha
Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela”.
A pedra (“petra”, em grego) aqui se refere ao próprio São Pedro e não à sua fé
ou a Jesus Cristo. Cristo aparece aqui não como o fundamento, mas como o
arquiteto que “edifica”. A Igreja é edificada não sobre confissões, mas sobre
confessores – homens vivos (v., p.ex., 1Pd 2,5). Hoje, o consenso comum da
grande maioria dos pesquisadores e comentaristas bíblicos favorece esta dedução
católica tradicional. Aqui diz-se que São Pedro é a pedra-fundamental da
Igreja, tornando-o cabeça e chefe da família de Deus (isto é, a semente da
doutrina do papado). Além disso, “pedra” expressa uma metáfora aplicada a ele
por Cristo em um sentido análogo ao do Messias sofredor e desprezado (1Pd
2,4-8; cf. Mt 21,42). Sem um fundamento sólido qualquer casa desaba. São Pedro
é o fundamento, mas não o fundador da Igreja; é
o administrador, mas não o Senhor da Igreja. O Bom Pastor (Jo 10,11) nos
dá outros bons pastores (Ef 4,11).
2. Mt 16,19: “Eu te
darei as chaves do Reino dos Céus…”
O “poder das chaves” expressa a autoridade administrativa e disciplina
eclesiástica com relação às necessidades da fé, como em Is 22,22 (cf. Is 9,6;
Jó 12,14; Ap 3,7). É deste poder que
surge o uso de censuras, excomunhão, absolvição, disciplina batismal, imposição
de penas e poderes legislativos. No Antigo Testamento, o comissário ou
primeiro-ministro era aquele homem que estava acima da assembléia (Gn 41,40;
43,19; 44,4; 1Rs 4,6; 16,9; 18,3; 2Rs 10,5; 15,5; 18,18; Is 22,15.20-21).
3. Mt 16,19: “…e o
que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será
desligado no céu”.
“Ligar” e “desligar” são termos técnicos usados pelos rabinos e que têm o
significado de “permitir” e “proibir” com relação à interpretação da lei e,
secundariamente, “condenar”, “desproibir” ou “liberar”. Assim, a São Pedro e
aos papas é dada a autoridade para determinar as regras de doutrina e vida, por
virtude da revelação e orientado pelo Espírito Santo (Jo 16,13), e para exigir
obediência por parte da Igreja. “Ligar” e “desligar” representam os poderes
legislativo e judicial do papa e dos bispos (Mt 18,17-18; Jo 20,23). Porém, São
Pedro foi o único apóstolo que recebeu nominal e singularmente estes poderes,
tornando-o preeminente.
4. O nome
de Pedro aparece em primeiro lugar em todas as listas que enumeram os apóstolos
(Mt 10,2; Mc 3,16; Lc 6,14; At 1,13). Mateus até o chama de “o primeiro”
(Mt 10,2). Já Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado por último.
5. Pedro
é quase sempre mencionado em primeiro, mesmo quando aparece ao lado de outros.
A (única) exceção está em Gl 2,9, onde ele (“Cefas”) é listado após Tiago e
João, mas, mesmo assim, o contexto coloca-o em preeminência (ex.: Gl 1,18-19;
2,7-8).
6. Pedro
é o único entre os Apóstolos que recebe um novo nome, Pedra, solenemente
conferido (Jo 1,42; Mt 16,18).
7. Da mesma forma, Pedro é estimado por Jesus
como o Pastor chefe, logo após Ele (Jo 21,15-17), de forma especial pelo nome,
e sobre a Igreja universal, apesar dos demais apóstolos terem uma função
similar mas subordinada (At 20,28; 1Pd 5,2).
8. Pedro é o único apóstolo mencionado pelo nome
quando Jesus Cristo orou para que “a sua fé (=Pedro) não desfalecesse” (Lc
22,32).
9. Pedro é o único apóstolo a ser exortado por
Jesus para que “confirmasse os seus irmãos” (Lc 22,32).
10. Pedro foi o primeiro a confessar a divindade
de Cristo (Mt 16,16).
11. Apenas de Pedro diz-se que recebeu
conhecimento divino através de uma revelação especial (Mt 16,17).
12. Pedro é respeitado pelos judeus (At 4,1-13)
como líder e porta-voz dos cristãos.
13. Pedro é respeitado pelas pessoas comuns da
mesma maneira (At 2,37-41; 5,15).
14. Jesus Cristo associa-se a Pedro no milagre da
obtenção de dinheiro para o pagamento do tributo (Mt 17,24-27).
15. Cristo ensina as multidões de cima do barco
de Pedro e o milagre que se segue, apanhando peixes no lago de Genesaré (Lc
5,1-11), podem ser interpretados como um metáfora do papa como “pescador de
homens” (cf. Mt 4,19).
16. Pedro foi o primeiro apóstolo a correr e entrar
no túmulo vazio de Jesus (Lc 24,12; Jo 20,6).
17. Pedro é reconhecido pelo anjo como o líder e
representante dos apóstolos (Mc 16,7).
18. Pedro lidera a pescaria dos apóstolos (Jo
21,2-3.11). O “barco” de Pedro tem sido respeitado pelos católicos como uma
figura da Igreja, com Pedro no leme.
19. Apenas Pedro se lança e anda sobre o mar para
encontrar Jesus (Jo 21,7).
20. As palavras de Pedro são as primeiras a serem
registradas, bem como são as mais importantes, no discurso anterior ao
Pentecostes (At 1,15-22).
21. Pedro toma a liderança na escolha do
substituto para o lugar de Judas Iscariotes (At 1,22).
22. Pedro é a primeira pessoa a falar (e a única
a ser registrada) após ao Pentecostes, tendo sido ele, portanto, o primeiro
cristão a “pregar o Evangelho” na Era da Igreja (At 2,14-36).
23. Pedro realiza o primeiro milagre da Era da
Igreja, curando um aleijado (At 3,6-12).
25. Até a sombra de Pedro realiza milagres (At
5,15).
26. Pedro é a primeira pessoa após Cristo a
ressuscitar um morto (At 9,40).
27. Cornélio é orientado por um anjo a procurar
Pedro para ser instruído no cristianismo (At 10,1-6).
28. Pedro é o primeiro a receber os gentios após
receber uma revelação de Deus (At 10,9-48).
29. Pedro instrui os outros apóstolos sobre a
catolicidade (universalidade) da Igreja (At 11,5-17).
30. Pedro é o objeto da primeira mediação divina
na Era da Igreja (um anjo o liberta da prisão – At 12,1-17).
31. Toda a Igreja (fortemente indicado) oferece
“fervorosa oração” para Pedro enquanto se encontra preso (At 12,5).
32. Pedro preside e abre o primeiro Concílio da
Cristandade, e estabelece princípios que serão posteriormente aceitos (At
15,7-11).
33. Paulo distingüe as aparições do Senhor (após
sua ressurreição) a Pedro daquelas que se manifestaram aos demais apóstolos
(1Cor 15,4-8). Os dois discípulos no caminho de Emaús fazem a mesma distinção
(Lc 24,34), nesse momento mencionando apenas Pedro (“Simão”) , ainda tendo eles
mesmos visto a Jesus ressuscitado momentos antes (Lc 24,31-32).
34. Muitas vezes Pedro é distinto dos demais
apóstolos (Mc 1,36; Lc 9,28.32; At. 2,37; 5,29; 1Cor 9,5).
35. Pedro é sempre o porta-voz dos demais
apóstolos, especialmente durante os momentos decisivos (Mc 8,29; Mt 18,21; Lc
9,5; 12,41; Jo 6,67ss).
36. O nome de Pedro é sempre listado em primeiro no
“círculo íntimo” dos discípulos (Pedro, Tiago e João – Mt 17,1; 26,37.40; Mc
5,37; 14,37).
37. Pedro é muitas vezes a figura central em
relação a Jesus, nas cenas dramáticas tal como o fato de andar sobre a água (Mt
14,28-32; Lc 5,1ss; Mc 10,28; Mt 17,24ss).
38. Pedro é o primeiro a reconhecer e refutar a
heresia de Simão Mago (At 8,14-24).
39. O nome de Pedro é mencionado muito mais vezes
do que os nomes dos demais discípulos em conjunto: 191 vezes (162 como Pedro ou
Simão Pedro; 23 como Simão; e 6 como Cefas). Em freqüência, João aparece em
segundo lugar com apenas 48 menções, sendo que Pedro está presente em 50% das
vezes em que encontramos o nome de João na Bíblia! […] Todos os demais
discípulos em conjunto são mencionados 130 vezes. […]
40. A proclamação de Pedro no dia de Pentecostes
(At 2,14-41) contém uma interpretação autoritária da Escritura, além de uma
decisão doutrinária e um decreto disciplinar a respeito dos membros da “Casa de
Israel” (At 2,36) – um exemplo de “ligar e desligar”.
41. Pedro teve o verdadeiro dom de línguas, tendo
julgado com autoridade e reconhecendo o dom como genuíno (At 2,14-21).
42. Pedro foi o primeiro a pregar o
arrependimento cristão e o batismo (At 2,38).
43. Pedro (presumivelmente) tomou a liderança no
primeiro batismo em massa (At 2,41).
44. Pedro comandou o batismo dos primeiros
cristãos gentios (At 10,44-48).
45. Pedro foi o primeiro missionário itinerante e
foi o primeiro a exercitar o que chamamos hoje de “visita às igrejas” (At
9,32-38.43). Paulo pregou em Damasco imediatamente após sua conversão (At
9,20), mas não foi para esse lugar com tal objetivo (Deus alterou seus planos).
Sua jornada missionária inicia-se em At 13,2.
46. Paulo foi para Jerusalém especificamente para
ver Pedro durante 15 dias, no início de seu ministério (Gl 1,18); e foi
encarregado por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) a pregar para os gentios.
47. Pedro age (fortemente indicado) como o
bispo/pastor chefe da Igreja (1Pd 5,1), exortando todos os outros bispos ou
“anciãos”.
48. Pedro interpreta profecia (v. 2Pd 1,16-21).
49. Pedro corrige aqueles que distorcem os
escritos de Paulo (2Pd 3,15-16).
50. Pedro escreve sua primeira epístola a partir
de Roma, conforme atesta a maioria dos estudiosos, como bispo dessa cidade e
como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. “Babilônia” (1Pd 5,13) é
codinome para Roma.
Conclusão: seria impossível acreditar que Deus daria a São Pedro tamanha
preeminência na Bíblia se isso não fosse significativo e importante para a
história posterior da Igreja, em especial, para o governo da Igreja. O papado é
a realização mais completa e plausível a esse respeito. E disso nós temos a
certeza…
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